“Você é velho demais pra perder, novo demais para escolher” canta Bowie. Tá tudo estranho, uma melancolia repetitiva, com novidades apresentadas em forma de script, lidas em um pedaço de papel vagabundo dos 00’s.
Você parece perdido quando olha pela janela, Charlie. Eu sei, existe sangue no peito de quem proclama amor, arte e crítica, e estacas nas mãos de quem veste o manto de uma liberdade que, na verdade mascara um pensamento raso, homogêneo, maldoso e burro. Mas o teu peito que bate às vezes acelerado, transborda empatia.
É difícil expressar sentimentos de forma honesta. Sempre passamos pela rota do “o que eles acharão” e acabamos moldando nossos hábitos pelo medo do julgamento alheio. Falo por mim pelo menos, ou pela minha perspectiva de sociedade da selfie. Mas essa crítica não é sobre os outros, é sobre mim. Não sou exemplo, não sou herói e os demônios que não se calam, deixam claro isso todos os dias na minha vulnerável mente perturbada.
“Todo carma prejudicial, alguma vez cometido por mim, desde tempos imemoriáveis devido a minha ganância, a minha raiva e a minha ignorância nascidas de meu corpo, boca e mente, agora de tudo eu me arrependo”.
Antes de girar, a impulsividade reina sobre a consciência e você só entende que está em um surto, quando já aconteceu. Não tem como retroceder após girar.
Sempre tento redigir textos em terceira pessoa, talvez para quem sabe me aproximar de alguém que pense igual, ou talvez eu esteja só manifestando empatia. Hoje não será dessa maneira. Nem sempre ficar sozinho com meus pensamentos foi uma tarefa fácil.
Minha sobriedade foi para marte hoje a noite, com a trilha do teu som, darling. Revejo teus trejeitos, flerto com o impossível. As ruas tem perdido o brilho, sabe? Os caras vendem qualidades previsíveis, rasas e apenas visíveis. Lá fora o mundo fede ao caos de uma politização política da qual reina ignorância e narcisismo. Não são tempos amáveis, de amantes profundos e memoráveis. “Eu sentaria sozinho e observaria a sua luz” nunca fez tanto sentido...