Flores para algernon

Finalizar o livro foi como levar um soco no estômago.

As provocações e reflexões causadas pelo livro permitiram me levar de volta ao momento da inscrição na UFSCar, universidade onde estudo Pedagogia. Estupidamente, acreditei que toda minha ansiedade em encontrar respostas para questões sociológicas e pessoais seriam respondidas pelos livros e mestres que ali ministram suas aulas. Que bobagem. Carrego hoje ainda mais dúvidas, e me encontrei em vários capítulos dos relatórios de Charlie Gordon. Não buscava inteligência para encontrar amigos, apenas respostas, mas acredito que quanto mais você conhece, mais isolado você se coloca em um mundo onde cobra reflexões, e some com as respostas. Por vezes parava de ler, respirava e olhava ao redor tentando imaginar como deveria ser para pessoas com algum tipo de deficiência serem notadas como seres, e não marginalizadas e colocadas á margem da sociedade.

Não tô militando, porra.

Mas imagine buscar a vida toda ser apenas compreendido como parte de uma comunidade, e se frustrar com quase todas as tentativas? Outro momento do livro que me abraçou melancolicamente, foi o mal humor em Charlie quando ele não se sentia incluso entre amigos, muito menos nos momentos entre os “mestres da sua vida” e afinal, qual era o espaço em que ele pertencia? Passo horas procurando um alguém a quem conversar sobre questões que a maioria rotula como um assunto chato. É como querer entrar em um oceano, mas durante o caminha acaba rodeado de pequenos lagos atrativos e convidativos. Não que isso seja problemático, mas acaba sendo solitário. MUITO SOLITÁRIO! A incessante busca do Sr. Gordon talvez sempre foi ser acolhido e amado, e sem excito, por vezes o álcool o tornará transparente em emoções e pensamentos, mas também o iludindo com a ideia de que poderia ficar mais fácil encarar a dura realidade que o assombrava (quanta similaridade com minhas doses de aperitivo de limão). Confesso que pouco antes da matade, havia imaginado que aconteceria o que rolou no fim, mas foi angustiante ver o sabor amargo dos relatórios finais, principalmente na... Enfim, sem spoilers vai. Fica a reflexão sobre o que significa de fato a amizade, o que é inteligência e principalmente a tese de que somos seres impossibilitados de solidão, pelo menos em sua teoria dramática, mas de leitura obrigatória.

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