A criminalização do MST por parte da grande Mídia.

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O MST vem sofrendo ao longo de sua história com a criminalização direcionada por parte da grande mídia e imprensa oportunista, que distorce a luta do movimento em prol de um pensamento liberal estabelecido pela classe dominante, os grandes proprietários, acionistas e investidores desses grandes centros midiáticos, contribuindo com a marginalização do movimento perante a opinião pública, sem entender de fato quais os propósitos do MST. Um estudo realizado pelo portal “Intervozes” durante as datas de 10 de fevereiro a 17 de julho de 2011, analisou matérias relacionadas ao MST pelos três principais jornais de circulação nacional, entre eles o jornal O Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, três principais revistas que são: revista Veja, Época e Carta Capital e os dois telejornais de amor audiência entre as TVs abertas, Jornal Nacional da Rede Globo e Jornal da Record. Como conclusão, foi verificado que de todas as matérias vinculadas por esses meios, 60% delas eram negativas.

Foram verificados 192 termos negativos atrelados ao movimento, sendo que os mais usados são “Invasão”, “Invasores” e Invadir. AO usar o termo “Invadir” ao invés de “ocupar”, já um exemplo da distorção dos fatos, relacionando ações democráticas e de direito com termos vandalizados. Para Adissi (2010) a grande mídia tem se apresentado com uma espécie de quarto poder do Governo, que principalmente ao longo dos últimos quatro anos, criminalizará diversos movimentos sociais. Isso nada mais é do que a simbologia das lutas de classes. Ancorado por uma narrativa liberal, um exemplo dessa distorção aconteceu em 2019, quando em uma matéria de uma programa de grande audiência produzido pela Rede Record, foi exibida uma reportagem sobre uma inciativa do MST com crianças de todo território Nacional, intitulado de “Os Sem Terrinha”. Palavras como “lavagem cerebral” e “Estímulo a violência” foram usadas, atreladas em uma imagem violenta e doutrinadora, quando, na verdade, a narrativa era de estímulo a educação e exercícios lúdicos comas crianças ali presentes, que esboçavam felicidade em participar da atividade. Onde está a Ética Jornalística? Outros exemplos são mencionados no quadro abaixo, onde fica comprovado e teor marginalizador e anti Pedagógico das matérias.

Toda essa narrativa opressiva cominatória ganhou força no governo Bolsonaro, que determinou o MST como um de seus alvos. Em 2017, antes de se eleger Presidente, Jair disparou que “MST pratica nada mais do que terrorismo”. Acompanhando a lógica opressiva e de ódio, o filho Eduardo Bolsonaro, em entrevista para Marcelo Godoy (O Estado de S. Paulo) disse que “Se fosse necessário prender 100 mil, qual problema nisso?”. Na mesma entrevista, ainda defendeu a criminalização do Comunismo e de movimentos sociais como o MST. Em 2020, no Conselho de Direitos Humanos da ONU realizado em Genebra, na Suíça, foi feita uma denúncia contra essa tentativa de criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Foi lido documentos e discutido formas de frear um governo que entregou mais de 70 milhões de hectares de terras públicas para empresas transnacionais, colaborando com o avanço da destruição ambiental e aumento dos focos de incêndios. Recentemente, o MST ganhou mais uma vez as manchetes de “redes sociais” ao ser citado no Jornal Nacional. O fato aconteceu na entrevista do candidato a Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi questionado pela jornalista da bancada sobre qual seria o papel do movimento no governo. A pergunta gerou uma divisão de opiniões entre aqueles que acharam o tom da questão um tanto quanto pejorativa, considerando o contexto da entrevista, que falava sobre agronegócio, numa perspectiva de defender os proprietários de terras. Lula foi categórico ao exaltar que o MST é o maior produtor de arroz orgânico do país. Essa é uma discussão profunda, que passa por compreender o que é o movimento, porque ele existe e acontece, compreender as políticas públicas vigentes que visam aumentar a desigualdade social, e mais do que isso é um exercício de consciência de classe, visto que trabalhando uma introdução de um pensamento crítico e libertador da classe trabalhadora nas massas, ajudam a combater a desinformação e agrega a luta do MST, sendo minha, sua e de todos que colocam a humanidade acima da exploração capitalista.

Referências:

PESQUISA mostra que MST é abordado de forma pejorativa pela mídia. In: Pesquisa mostra que MST é abordado de forma pejorativa pela mídia. [S. l.]: Mônica Mourão, 19 nov. 2001. Disponível em: https://intervozes.org.br/pesquisa-mostra-que-mst-e-abordado-de-forma-pejorativa-pela-midia-3/. Acesso em: 15 ago. 2022.

EDUARDO Bolsonaro quer criminalizar MST e “prender 100 mil”. [S. l.], 12 nov. 2018. Disponível em: https://pt.org.br/eduardo-bolsonaro-quer-criminalizar-mst-e-prender-100-mil/. Acesso em: 26 ago. 2022. TENTATIVA criminalização do MST é denunciada no Conselho de Direitos Humanos da ONU. [S. l.], 5 mar. 2020. Disponível em: https://www.brasil247.com/geral/tentativa-criminalizacao-do-mst-e-denunciada-no-conselho-de-direitos-humanos-da-onu. Acesso em: 17 ago. 2022.

RAMON BEZERRA COSTA; LARISSA LEDA F. ROCHA. Informação, confiança e crise: há um futuro possível?. Pauta Geral – Estudos em Jornalismo, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 1–18, 2021. DOI: 10.5212/19575. Disponível em: https://revistas.uepg.br/index.php/pauta/article/view/19575. Acesso em: 09 set. 2022.

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